sábado, 10 de julho de 2010

O Preço da Escolha (José Pedro Frazão)



Novamente o Brasil tinha tudo para ganhar a copa. Mas o Dunga tentou fazer com o futebol brasileiro o mesmo que o Lula está fazendo com o cargo de presidente do Brasil: o poder da máquina pública e o seu prestígio são tão fortes, que ele acredita poder ganhar sem os melhores.



Na vida, como no jogo, o sucesso depende muito da escolha. Sorte, conhecimento, habilidade e disciplina fazem a diferença, mas quando se tem a oportunidade e a capacidade de se escolher a melhor carta do jogo, as chances de vencer são maiores.

Não podemos escolher nossos pais, mas escolhemos os amigos, o cônjuge, o candidato político, o caminho a seguir, o lugar para construir a morada e até mesmo os melhores jogadores de uma seleção de futebol. A derrota e o sucesso estão ocultos, visíveis ou previsíveis dependendo muito das escolhas que fazemos.

Uma seleção de atletas é feita convencionalmente por índices técnicos. No entanto, em algumas modalidades, como o futebol, incluindo muitas seleções nacionais, os jogadores ainda são convocados de acordo com o desejo e a visão unilateral de um técnico, a quem é dado o poder absoluto para colocar em risco a alegria, a reputação e a honra de toda uma nação.

A caída “previsível” da Seleção Brasileira nesta Copa do Mundo de 2010 na África do Sul - por não colocar em campo o seu melhor time - prova que a escolha de jogadores para defender o país é tão importante, que não pode mais ficar sob a responsabilidade de uma única pessoa, ainda mais quando essa é escolhida sem o devido critério da qualificação e por um mandatário da CBF que manobra sua permanência no poder há 21 anos (o “monarca” Ricardo Teixeira). Uma seleção dos melhores jogadores aptos deveria ser escolhida por uma seleção dos melhores técnicos, podendo, no entanto, ser treinada e dirigida pelo técnico mais experiente e consensual, auxiliado por uma comissão técnica de alto nível.

A pesar de tudo, diferente de outras seleções, como França, Itália, Inglaterra, Portugal e Argentina, que nesta copa se mostraram desorganizadas e envergonharam o seu país, a Seleção Brasileira de Futebol caiu nas oitavas de finais de cabeça erguida, com um time que tem a melhor defesa do mundo e um dos melhores ataques, mas sem um bom meio de campo (onde o melhor – Kaká – jogou contundido). E como não levamos para esta copa a seleção ideal, devido à escolha equivocada e casmurra de alguns jogadores, a derrota era previsível e só não aconteceu antes – na boa sequência de vitórias – devido à qualidade excepcional da nossa sacrificada defesa.

O Brasil perdeu exatamente num detalhe que era previsto e sabido de todos: a deficiência técnica e psicológica de jogadores meio-campistas convocados pelo orgulho e teimosia de um técnico reconhecido pela garra e disciplina, mas também pela soberba e descontrole emocional - um dirigente orgulhoso e mal educado que colocou a Pátria abaixo de sua vontade pessoal, tentando provar que seria possível ao Brasil conquistar o mundo sem os melhores jogadores.

A culpa pela eliminação por 2x1 para a Holanda não foi de nenhum jogador, nem do limitado Michel ou mesmo do “coveiro” Felipe Melo, que fez um gol contra e cavou sua expulsão com jogo desleal e violento. A culpa é do técnico, que escolheu esses e outros jogadores de pouco talento e razo equilíbrio emocional.

Novamente o Brasil tinha tudo para ganhar a copa. Mas o Dunga tentou fazer com o futebol brasileiro o mesmo que o Lula está fazendo com o cargo de presidente do Brasil: o poder da máquina pública e o seu prestígio são tão fortes, que ele acredita poder ganhar mesmo sem os melhores.

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